quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Os Três Mosqueteiros


Um por todos e todos por um. A célebre frase da obra do escritor francês Alexandre Dumas, adaptada no filme Os Três Mosqueteiros do diretor Stephen Herek, traduz fielmente a essência do trabalho em televisão. No reino “encantado” de uma emissora de TV, cada personagem da vida real tem uma função importante no contexto e ninguém deve ser menosprezado faça o que fizer no processo de produção de um telejornal ou de qualquer outro produto da casa.

A hierarquia se faz necessária. É uma questão de organização. Mas o “rei” deve saber liderar sua equipe para que todos busquem um objetivo comum e sintam-se motivados a fazer parte da equipe. Você, aspirante a um lugar nesse universo de sons, imagens e movimentos, lembre-se de que, é importante aprender a conviver com as diferenças, saber reagir com maturidade perante comportamentos e atitudes contrárias às suas e, principalmente, extrair o melhor da divergência de idéias e pensamentos.

No filme de aventura citado acima, Athos (Kiefer Sutherland), Aramis (Charlie Sheen) e Porthos (Oliver Platt), enfrentam todos os perigos para defender o Rei da França, Luiz XIII. No dia-a-dia na TV, o(a) repórter, o cinegrafista e o iluminador costumam encarar o cotidiano das ruas, enfrentando situações difíceis, os possíveis imprevistos e os traiçoeiros ponteiros do relógio que não desculpam atraso na redação. Nessa corrida diária contra o tempo, o repórter deve estar sempre atento a tudo e a todos, deve ser ágil e criativo. O cinegrafista não deve ser aquele mero “apertador de botão”, pois, o seu olhar apurado e também atento em torno da notícia poderá render uma grande matéria. O texto deve conversar com a imagem e juntos levarem uma informação de qualidade ao telespectador. Não existe segredo. A receita é parceria. Risque do dicionário a palavra euquipe e dê lugar à equipe. Sinal Amarelo: não desperdicem alguma sugestão do motorista/iluminador.

Certa vez, eu trabalhava como repórter e sai para fazer uma matéria com o cantor campinense Tony Dumont. Já era final da manhã. Estávamos eu, o cinegrafista Altair Silva e o grande “Charlie Brown” – seu Wallace – nosso motorista. Ao chegarmos no local da matéria, encontramos um cenário pouco atrativo para uma matéria leve com música e fora do factual. Eu e Altair olhamos um para o outro, demos uma volta no ambiente e quando eu começava a coçar a cabeça, Seu Wallace disse: “Ôh, Charlie, por que não faz aqui nesse cenário!”. Era uma parede decorada com garrafas de vidro, em frente tinha um balcão e um banquinho. Foi ali onde colocamos Tony Dumont e a matéria saiu 10. Parabéns para a criatividade de Seu Wallace e sorte nossa porque ele estava ali naquele dia.

Nos últimos meses, situações semelhantes têm sido constantes trabalhando com o cinegrafista Charles Dias e o nosso Assistente Técnico, Expedito Junior (foto). Charles eu conheço desde o início da minha carreira na TV Borborema. É um cara esforçado, empenhado na profissão que escolheu e não disperdiça a chance de conhecer e aprender sempre. Ele busca o diferencial, o incomum, tenta olhar pra onde poucos olham e não se perde nas limitações técnicas. Busca ultrapassar fronteiras. Expedito Junior é um companheiro super antenado. Tem sempre algo construtivo a acrescentar. Procura levar os problemas na esportiva e abandona o silêncio para dar sugestões e opiniões que enriquecem nosso trabalho. Claro que nem todo dia é dia de flores, mas, a gente pinta o arco-íris assim mesmo...

A essas alturas, você leitor, deve estar perguntando: mas onde está D’Artagnan? Oras, no filme Os Três Mosqueteiros, o personagem interpretado pelo ator Chris O’Donnell é um jovem que tenta provar seu valor, chegando a ser ridicularizado, porém, ainda assim tenta mostrar lealdade e habilidade para se tornar um dos mosqueteiros do rei. Na vida real, D’Artagnan é aquele técnico que costuma ficar no estúdio, preocupado com o funcionamento e a posição do microfone dos apresentadores e entrevistados. É o iluminador que tem todo o cuidado em posicionar a luz e, assim, evitar sombras nos apresentadores e convidados. É o cinegrafista que a-pa-ren-te-men-te vive de moleza no estúdio, mas, tem atenção redobrada especialmente nos programas ao vivo, pois, precisa seguir marcações, movimentar a câmera na hora certa, abrir e fechar o zoom com sutileza e seguir as orientações do Diretor de TV.

Se você procurar direitinho, ainda encontrará D’Artagnan na ilha de exibição, concentrado e preocupado com a programação que está no ar. Nas ilhas de edição, ele pode ser encontrado vestido de um jeito despojado, queimando os neurônios e empenhando boas doses de criatividade na edição das matérias. Nas redações, na função de produtor(a), a ficção dá lugar à realidade com muitos telefonemas diariamente em busca de um bom assunto que possa render uma excelente matéria.

Caso o telepronter, o computador da redação ou de qualquer outro departamento aparecer com problema, chame D’Artagnan. Se o ar-condicionado do estúdio resolver parar de funcionar, um técnico também poderá ajudar. Se a câmera sujar o cabeçote, o áudio falhar ou a mesa de corte travar, não esqueça de que alguém vai aparecer para ajudar. Nas salas, nos corredores e nos banheiros da emissora, sempre tem alguém por trás da limpeza. O visitante também poderá encontrar um sorriso doce e uma voz agradável na recepção temos na TV Itararé, Juliana, um ótimo exemplo disso. Por isso, todas essas pessoas têm o seu valor. De alguma forma, algum dia, você poderá precisar delas e elas poderão colaborar com você. A euquipe fragiliza. A união faz a força. Para tudo dar certo, o lema é um por todos e todos por um. E antes de terminar, uma última dica: se você gosta de aventura, além de trabalhar em televisão, leia o livro ou assista o filme Os Três Mosqueteiros e descubra de quem foi a frase que ganhou o mundo e ainda hoje nos serve como lição!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Desatando os nós


Há pouco tempo ouvi de um companheiro que, no ambiente de trabalho ele não tinha e não queria ter amigos. Confesso que, a princípio, a declaração dele me impressionou um pouco. Talvez, ele tenha suas razões para pensar assim. No entanto, acredito que tudo é relativo e para toda regra existem exceções. Particularmente, eu prefiro substituir a palavra “colega” por companheiro de trabalho, afinal, em televisão tudo que se faz é essencialmente um trabalho de equipe. Para tudo dar certo todos têm que acertar e se der um erro, todos têm que se unir para buscar uma solução para o problema.

Na minha pouca vivência no jornalismo, eu diria que já tive bons companheiros de trabalho que se tornaram grandes amigos. No início da minha carreira em televisão na TV Borborema, encontrei Carla Borba e Claúdia Oliveira. Ambas começavam, assim como eu, trilhar os percalços da carreira profissional. Claúdia foi uma amiga e confidente naquela época, pena que voltou para a Bahia, sua terra natal. Mas, o bom é saber que ela está bem e continua atuando na profissão. “Borba” continua por aqui e apesar do corre-corre do dia-a-dia, de vez em quando ainda encontramos um tempinho pra alguns desabafos e compartilhar coisas boas também, é claro! Michele Meira que hoje está na TV Cabo Branco, em João Pessoa, foi uma boa companheira e amiga. Costumávamos dividir preocupações, problemas e também nos divertir com situações cotidianas. Para se ter uma idéia, um ex-companheiro da TV Borborema que se tornou um grande amigo, hoje é meu marido.

Na TV Paraíba encontrei Carlos Siqueira. Meu ex-companheiro e amigo da época de faculdade por quem ainda hoje guardo um grande carinho. Eu e Siqueira nos formamos juntos. Pelos corredores da emissora, nas ilhas de edição, descobri outro grande amigo: Kiko Sousa (editor de imagens). Na rua, trabalhando como repórter, outro companheiro me rendeu uma grande amizade: Altair Silva (cinegrafista). Betânia Villas Boas, ex-produtora da TV Paraíba, foi uma companheira e amiga daquelas que você aprende a gostar mesmo em situações conturbadas e estressantes as quais nós passamos juntas. Ela é outra baiana que voltou para o território de origem, mas nem por isso esquecemos a amizade (em breve ela estará aterrisando em Campina Grande). São pessoas que me ajudaram muito e, por essa razão, têm uma importância enorme na minha vida.

Hoje, na TV Itararé não tem sido diferente. Luanda Alencar (foto), literalmente não é mais um rostinho bonito na televisão. Ela é bonita, inteligente, fotogênica, porém, prefere estar por trás das câmeras trabalhando na produção. Quando eu ainda estava no departamento de jornalismo, “Lu” me ouvia e a recíproca era verdadeira. É mais uma pessoa que entra para o livro da minha vida e ganhou um espaço no meu coração.

Trabalhando no departamento de programação da TV Itararé, veio Marcela Naiara (assistente de produção). Porém, Marcela eu também já conhecia desde que ela foi estagiar no departamento de comunicação da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP), onde passou quase dois anos. Indicada por seu ex-professor, Ribamildo Bezerra, ela sempre demonstrou ser uma jovem muito competente, dedicada e com um senso de responsabilidade muito apurado em tão pouco tempo de experiência profissional. Agora, ela segue novos rumos para abraçar novas oportunidades profissionais, mas, a amizade sincera é a mesma! Outra boa descoberta: Gustavo Guimarães (editor de imagens). Com seu jeito maroto, “Guga” fala pouco, é um excelente profissional, que não se deixa dominar pelo ego e assim conquistou seu lugar entre meus grandes amigos.

Na verdade, todas essas pessoas as quais eu citei têm seus defeitos. Afinal, nem eu sou perfeita. Mas, aprendo a cada dia que a gente deve aprender a compreender os defeitos dos nossos companheiros e ressaltar as qualidades deles que, profissionalmente, fazem o trabalho render e “encher” a tela da televisão. Além disso, são pessoas que enriquecem o perfil profissional com boas doses de sentimentos e atitudes nobres. Claro que esses são alguns dos companheiros, os quais eu tive a oportunidade de me aproximar e conhecê-los melhor. Com certeza, ainda existe muita gente bacana que eu ainda não tive a mesma oportunidade. Mas, quem sabe um dia a gente se esbarra e se encontra por aí...

Por essas e tantas outras razões, prefiro chamar “colegas” de companheiros de trabalho. Aos companheiros que se tornaram meus AMIGOS, despertaram a minha confiança e ultrapassaram a barreira profissional, deixo aqui meu grande e sincero abraço.

Aos demais, aqueles que carregam em sua bagagem a intolerância, a inveja e a falta de companheirismo, me desculpem! Esses eu prefiro realmente chamar de colegas. E assim é a vida. A cada dia temos que aprender ir “desatando os nós” e criando laços profissionais e de amizade, pois, são esses pequenos detalhes que tornam a vida mais leve e prazerosa pra se viver...